Álcool na Adolescência. Por que os adolescentes bebem tanto?
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O abuso de álcool na adolescência está cada vez mais visível – e preocupante. De acordo com pesquisa do IBGE para a Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PENSE), 55% dos adolescentes do último ano do ensino fundamental (9º ano), que têm em média 14 anos de idade, já experimentaram bebidas alcoólicas. Pelo menos 21,4% deles já sofreu algum episódio de embriaguez.
O acesso ao álcool é extremamente fácil: a bebida está por toda parte, desde festas a casa de amigos, bares e, algumas vezes, até na própria escola.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), aponta o álcool como o maior responsável por mortes de brasileiros entre 15 e 19 anos, seja em acidentes causados pela embriaguez, seja por paradas cardíacas pelo abuso no consumo.
Organismo ainda em formação: os efeitos do álcool na adolescência
No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), define que a adolescência ocorre entre os 12 e os 18 anos.
É uma fase marcada por inúmeras mudanças. Neste período, os jovens passam por alterações hormonais, por inquietações, questionamentos, e muitas vezes sentem-se pressionados e podem apresentar comportamentos opositores, inclusive negligenciando sua saúde em nome de se sentirem aceitos pelo grupo.
O consumo de álcool na adolescência, além de ser um ato ilícito, é extremamente desaconselhável. Segundo especialistas, o cérebro não é totalmente amadurecido até que se chegue à fase adulta. O sistema nervoso central só tem seu desenvolvimento finalizado por volta dos 20 anos de idade.
O consumo de álcool na adolescência pode atrapalhar o amadurecimento neurológico, causar alterações no desenvolvimento da personalidade e prejudicar funções como memória e atenção, com impacto direto sobre o desempenho escolar.
Nos casos mais graves, que levam ao alcoolismo, os problemas podem incluir doenças físicas (pancreatite, cirrose, úlceras, entre outras), agravamento de doenças mentais (depressão, transtornos de ansiedade, esquizofrenia, transtorno bipolar), além de efeitos devastadores sobre a autoestima, autoconfiança e relacionamentos pessoais e familiares.
O Estatuto da Criança e do Adolescente, por meio da Lei 8.069/90, é um dos principais instrumentos legais para coibir o consumo do álcool por crianças e adolescentes. Segundo o estatuto, é crime servir, fornecer, entregar ou vender bebidas alcoólicas a crianças ou a adolescentes. A pena é detenção de 2 a 4 anos.
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Acesso fácil e mau exemplo
Existe uma grande preocupação dos pais e responsáveis com relação ao consumo de drogas ilícitas pelos seus filhos. Conversas sobre os malefícios da maconha e da cocaína são frequentes. Porém, na maior parte dos casos, a preocupação com o álcool fica negligenciada a um segundo plano.
Isto parece ocorrer porque o consumo de bebida alcoólica é lícita para maiores de idade, é socialmente aceita e extremamente barata. Consumir álcool é um hábito visto com olhar pouco crítico, como inofensivo – já que os próprios adultos costumam fazê-lo e até mesmo abusar do álcool como se fosse algo natural.
O acesso do adolescente à bebida muitas vezes se dá em casa, com absoluta facilidade. Ou por meio de amigos mais velhos, já adultos. Quem nunca ouviu falar dos “Esquentas” ou das festas e bailes regados a bebida, muitas vezes comprada por maiores de 18 anos e facilmente tornada acessível aos adolescentes?
3 principais motivos pelos quais os jovens bebem
Necessidade de aceitação pelo grupo, sensação de extroversão e maturidade, fuga da realidade. Veja abaixo alguns dos principais motivos que levam ao abuso de álcool na adolescência:
1. Para serem “Aceitos” pelo grupo
Todo mundo gosta de ser aceito. Nesta fase de busca de identidade, o jovem sente necessidade de aprovação, de ser aceito pelo seu grupo. Para isso, muitas vezes usam as mesmas roupas, ouvem as mesmas músicas, e bebem, se o grupo o fizer. Para muitos adolescentes, ter um copo de álcool na mão é símbolo de status e de maturidade.
2. Para sentirem o efeito que a bebida traz
Os efeitos que a bebida traz, num primeiro momento, podem ser relaxantes para alguns e gerar extroversão. Estes efeitos fazem com que alguns sintam-se mais seguros, mais à vontade e mais sociáveis. Acreditam encontrar nos efeitos da bebida a coragem para fazer coisas simples, como dançar em público, conversar com colegas de outro sexo, entre outros.
3. Beber para esquecer
Nesta fase os jovens costumam se comparar muito e, por conta disto, alguns apresentam sérios problemas de autoestima e de frustração. Pode ser uma idade cheia de complexos e fragilidades. O temperamento de muitos deles costuma ser mais agressivo. Com isto, não é incomum os pais fazem mais críticas do que elogios.
Por isso, alguns buscam na bebida algum refúgio, bebem para “fugir” destes e de quaisquer outros problemas, acreditando que o estado de “anestesia” e de “descontração” temporários os ajudará a se distraírem e até se esquivarem das dores e dificuldades da vida, que tende a exigir cada vez mais deles, à medida em que se aproximam da idade adulta.
Álcool, drogas e suicídio
“Impulsividade” talvez seja umas palavras mais comumente usadas quando se pensa na personalidade de um adolescente. Quando se combina esta característica com o álcool e outras drogas, os resultados podem ser devastadores.
O abuso de substâncias é considerado um importante fator de risco para suicídio. Álcool e outras drogas (a cocaína, por exemplo) aumentam a impulsividade – o que aumenta as chances de alguém com ideações suicidas realmente tirar a própria vida.
Além disso, é comum que após o consumo, passados os efeitos iniciais de euforia e impulsividade, o indivíduo seja acometido por estado depressivo intenso, que também aumenta a propensão a comportamentos suicidas.
Há números que comprovam esta correlação. Por exemplo, entre os achados de uma pesquisa realizada pela UNIFESP, percebeu-se que em 21% dos 80 casos havia ocorrido ingestão de álcool até seis horas antes da chegada ao hospital, nos casos de tentativa de suicídio atendidos pela instituição durante o período do estudo.
Excesso de álcool na adolescência indica dores emocionais
O consumo de álcool por jovens – especialmente quando há sinais de excesso – pode ser um indicador importante de dificuldades emocionais, que precisam ser trabalhadas, mesmo que o jovem não se dê conta disto. Não é incomum que casos de abusos no consumo do álcool estejam associados à depressão, em diferentes graus.
É papel dos pais, familiares e amigos estarem atentos a estas dificuldades e fazer o encaminhamento, que pode trazer grande benefício para a vida do jovem.
A psiquiatria pode atuar oferecendo os medicamentos adequados para restabelecer certo nível de bem estar, para sentir-se melhor preparado para lidar com a depressão, ansiedade, pressões dos amigos e família, e outros problemas que afetem a saúde mental do jovem.
A psicologia pode ajudá-lo a lidar não apenas com o abuso do álcool em si, mas principalmente fazê-lo compreender os problemas que os levaram a cometer estes abusos e quais são os caminhos para saná-los.
É um caminho que visa o amadurecimento o autoconhecimento, para enxergar as dores e inseguranças e criar formas saudáveis e produtivas de lidar com elas, obviamente longe do álcool.
Cuidar agora é cuidar do futuro
Quanto mais precoce se dá o início do consumo do álcool, piores são as consequências e riscos de desenvolver dependência ou abusos no consumo.
O uso frequente do álcool desencadeia um processo inflamatório no cérebro, alterando o funcionamento das sinapses. Jovens habituados a beber têm prejuízos de memória, de concentração e de atenção, além de maior probabilidade de desenvolverem distúrbios de aprendizagem, transtornos de humor e dependência química – uma doença séria e com consequências para toda a vida.
Na vida adulta, a palavra-chave para consumo de álcool é MODERAÇÃO. Mas isto NÃO se aplica a adolescentes. O consumo de álcool na adolescência é absolutamente contraindicado e deve ser coibido por qualquer adulto responsável.
Por isso, ao detectar sinais de abuso, a necessidade de ação é imediata. Acolher e cuidar de um adolescente alcoolizado são só os primeiros passos. O segundo passo é conversar de forma madura e honesta, quando ele estiver sóbrio e capaz de compreender. Mas o mais difícil pode ser a decisão pelo encaminhamento para atenção profissional, quando isto se fizer necessário.
Aceitar esta condição com responsabilidade e humildade pode fazer uma enorme diferença na vida dos pais, da família e, claro, na vida do adolescente, agora e no futuro.
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