Gamofobia: quando o medo de casamento vira um transtorno real
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Todo mundo já ouviu falar em pessoas que têm completo horror em assumir relacionamentos. Talvez você mesmo seja uma dessas pessoas ou envolveu-se com alguém que resistiu fortemente em comprometer-se ou assumir um compromisso. Mas você sabia que isto pode ser mais do que um simples apego à vida de solteiro? Em alguns casos, pode ser um transtorno de ansiedade que chamado de Gamofobia .
A gamofobia é o medo do casamento. É uma verdadeira aversão ao tema, levando a sintomas de fobia, mesmo. É um medo mórbido, irracional, desproporcional e persistente à ideia de casar-se ou a qualquer assunto relacionado a este assunto.
“Ah, isso é só desculpa para não se envolver…”
Não é bem assim, não. O termo gamofobia é derivado da união de duas palavras gregas: “gamos”, que significa “casamento”; e “phobos”, que significa “medo”.
A gamofobia é uma repulsa absoluta por relacionamentos sérios e tudo que envolve o tema “casamento” ou matrimônio. Este desconforto geralmente é incontrolável: a pessoa pode ter um ataque de pânico mesmo com uma simples conversa sobre casamentos, ao receber um convite, ao assistir um casamento pessoalmente ou em um filme, e até mesmo ao ouvir outras pessoas conversando sobre o tema.
Uma fobia é caracterizada por um medo incontrolável, uma reação completamente desproporcional à realidade que se apresenta. Na verdade, é muito fácil diferenciar a gamofobia (e o pavor que ela causa) de um nervosismo normal, que todos podem sentir quando vão se casar.
Pessoas que sofrem de gamofobia descrevem este medo como semelhante ao medo de morrer. Elas têm suas vidas alteradas, preferem qualquer coisa a permanecer em um relacionamento sério. Não se sentem preparadas para nenhum tipo de concessão ou renúncia que um casamento pode requerer.
Os 12 Sinais da Gamofobia
A gamofobia é considerada uma patologia psicológica e, como tal, apresenta sintomas físicos e emocionais, que variam de pessoa para pessoa, sempre que o assunto “casamento” é levantado.
Mas, normalmente, além de causar mal-estar emocional, causa também mal-estar físico. São os sintomas característicos de qualquer outra fobia, como o pavor de aranhas (aracnofobia), lugares fechados (claustrofobia), cobras (ofidiofobia), altura (acrofobia), entre outras.
Sintomas Físicos
1. Boca seca
2. Aumento da frequência cardíaca
3. Sudorese
4. Falta de ar
5. Tontura
6. Náuseas e dores no peito
7. Insônia
8. Enxaqueca
9. Alergias e irritações cutâneas
Sintomas Emocionais/Psicológicos
1. Estados de ansiedade que comprometem as atividades corriqueiras
3. Distanciamento de pessoas que podem iniciar conversas sobre casamentos e relacionamentos
4. Percepção do medo desproporcional somado à incapacidade de vencê-lo
De onde vem tanto medo de se relacionar?
A gamofobia geralmente está associada a uma intensa experiência negativa no passado, a um medo descabido da perda de identidade e do controle sobre a própria vida, ou ao medo de se submeter financeiramente a alguém.
Pode estar relacionada a experiências traumatizantes de relações anteriores ou fatos que fazem a pessoa associar o relacionamento afetivo a algo ruim, mesmo que de forma inconsciente.
Esta fobia é gerada por uma visão distorcida de que o casamento envolve riscos com os quais a pessoa é incapaz de lidar. A pessoa pode considerar, por exemplo, que o casamento é leva à absoluta privação da liberdade e da individualidade. Pode também estar ligada à vontade de prolongamento da adolescência e sua “ausência” de responsabilidades.
É um trauma do indivíduo e leva o sofrimento a um grau em que ele enxerga um relacionamento como uma possibilidade terrível de submissão e perda de controle, e passa então, a criar imagens mentais muito ruins sobre o casamento.
A gamofobia acontece em ambos os sexos
Diferente do que se imagina, esta não é uma fobia exclusivamente masculina. Tanto homens quanto mulheres podem ser gamofóbicos. Ou seja, existem mulheres que tem medo de casamento, assim como existem homens que têm o sonho da relação estável e do casamento.
A gamofobia é responsável por muitos rompimentos de relações e leva a pessoa a evitar qualquer relação que possa se tornar mais séria, mesmo amando e querendo estar com aquela pessoa.
No entanto, muitos especialistas concordam que há uma sutil diferença entre fobia de casamento e fobia de compromisso. Uma pessoa pode ter medo de se casar, mas pode ainda continuar comprometida com um único parceiro pela vida.
Quando é que isto vira uma patologia?
A gamofobia é considerada um transtorno de ansiedade, listado na Enciclopédia de Fobias, Medos e Ansiedades, publicada pelos doutores Ronald M. Doctor, Ada P. Kahn e Christine Adamec, e está muito além de um simples “não tenho vontade de casar”.
O medo de relacionamentos é normal, mas não deve ser confundido com a gamofobia, embora a linha que os diferencia seja bastante tênue. A fobia é constatada a partir do momento em que a pessoa sofre alterações físicas ou psicológicas simplesmente ao ouvir falar em casamento.
As causas mais profundas da gamofobia têm raiz no inconsciente e nos mecanismos instintivos de defesa, que geralmente estão relacionados a acontecimentos passados que fazem a ligação do casamento a um trauma emocional. Esse trauma não precisa ter sido necessariamente vivido pelo indivíduo, ele pode ter sido vivenciado por alguém que faz parte de seu círculo de relações (pais, irmãos, amigos) ou até mesmo visto num filme ou livro.
Existe também uma linha de estudos que considera que a principal razão para o surgimento da gamofobia é a dificuldade de algumas pessoas em assumir a idade adulta e as responsabilidades inerentes à maturidade.
É necessário buscar ajuda para gamofobia?
Sem dúvida, é. A gamofobia nem sempre é um diagnóstico fácil. As questões culturais e sociais levam as pessoas a confundir muito a doença com o medo, comum, de relacionamentos. É comum acontecer de a pessoa procurar a psicoterapia para abordar outros assuntos e, durante o processo psicológico, descobrir que o que apresenta são sintomas de gamofobia.
Quase sempre o surgimento desse tipo de fobia está vinculado a traumas e memórias relacionadas a relacionamentos. Essas memórias nem sempre são reconhecidas por quem as possui, portanto, é indispensável a reflexão sobre o tema e muito importante o acompanhamento com um profissional.
Como a fobia é um transtorno de ansiedade, o tratamento indicado costuma ser multidisciplinar, exigindo o acompanhamento tanto de um psicólogo quanto de um psiquiatra.
Geralmente o uso de medicamentos ajuda na diminuição dos sintomas físicos, enquanto a psicoterapia ajuda o paciente a compreender a natureza do seu medo e e administrar suas emoções para que se sinta seguro em seus envolvimentos afetivos presentes e futuros.
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