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Agorafobia: Como a realidade virtual ajuda quem tem medo de ter medo?

17/08/2018 | Psicologia

Autora: Maria Inês Paton Ramos, CRP 06/48.803-2, Psicóloga especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental, com 20 anos de experiência no tratamento de adolescentes e adultos. Parceira do Nossos Psicólogos
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A palavra agorafobia vem do grego: “agora” e “phobos”, significando o medo dos espaços públicos. A agorafobia é um dos transtornos de ansiedade mais comuns e está fortemente ligado a ataques de pânico. A agorafobia caracteriza-se principalmente pelo medo de sentir medo. A maioria das pessoas que tem transtorno do pânico desenvolve a agorafobia e dificilmente se chega a diagnóstico de agorafobia sem que a coexistência do pânico.

O indivíduo que tem agorafobia tende a se esquivar de situações que ele relaciona internamente como prováveis desencadeadoras de ataques de pânico. Ele sente medo de estar num ambiente em que não seja possível sair imediatamente caso seja preciso e evita situações onde escapar é visto como algo difícil – mesmo que não exista nada de que precisaria fugir.

Agorafobia, dependência, solidão e depressão

Essa sensação pode ser tão apavorante que as pessoas que sofrem de agorafobia podem sentir necessidade de companhia constante para que se sintam mais seguras. Isto pode levá-las a uma condição de dependência do outro, não só naquelas situações que possam consideradas mais difíceis, mas também para as mais comuns e corriqueiras.

Quem sofre de agorafobia evita situações sociais e cotidianas nas quais poderia sentir pânico, constrangimento ou medo. Isto prejudica gravemente sua qualidade de vida, sua rotina e pode levá-la a um estado de isolamento, gerando uma profunda sensação de solidão e desamparo.

Embora frequente, e com grande comprometimento da qualidade de vida do indivíduo, a agorafobia não é a complicação mais grave do pânico. A mais grave é a depressão, por ser mais limitante e comprometedora.

A boa notícia é que existe tratamento para a agorafobia e ele é bastante eficaz. Assim que identificado qualquer tipo de medo, a busca por um especialista é imprescindível para que se possa contornar a situação o mais rápido possível e voltar à normalidade.

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O transtorno do pânico e a agorafobia

O psicólogo americano Robert L. Leahy, professor de psicologia clínica na Weill-Cornell Medical School e diretor do Instituto Americano de Terapia Cognitiva em Nova Iorque, em seu livro “Livre de Ansiedade“, destaca que o “Transtorno de Pânico é o medo de suas próprias reações fisiológicas e psicológicas a um estímulo – em essência, medo de um ataque de pânico. Quaisquer anormalidades, tais como respiração alterada ou batimentos cardíacos acelerados, vertigens, suores ou tremores são vistos como sinais de colapso iminente, insanidade ou morte. A evitação que acompanha as situações que podem acionar essas reações é conhecida como agorafobia, e com frequência limita de maneira grave a mobilidade.”

“Podem surgir sintomas muito desagradáveis como taquicardia, sudorese, tremores, sensação de falta de ar, sensação de tontura, medo de morrer, de perder o controle, de enlouquecer, entre outros. Com medo de ter que passar por este grande desconforto novamente, os indivíduos passam grande parte do seu tempo preocupados em evitar que outros ataques ocorram, que é a principal característica da Agorafobia.”

Maria Inês Paton Ramos

Psicóloga - CRP 06/48.803-2

Segundo o Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM), no Transtorno de Pânico o indivíduo vivencia ataques de pânico abruptos, que podem ser recorrentes e inesperados e que alcançam seu pico em minutos. Neste intervalo de tempo, podem surgir sintomas muito desagradáveis como taquicardia, sudorese, tremores, sensação de falta de ar, sensação de tontura, medo de morrer, de perder o controle, de enlouquecer, entre outros. Com medo de ter que passar por este grande desconforto novamente, os indivíduos passam grande parte do seu tempo preocupados em evitar que outros ataques ocorram, que é a principal característica da agorafobia.

Portanto, no quadro de agorafobia o indivíduo tende a evitar situações como usar meios de transporte, como carros, metrô, trem, ônibus, avião, etc, por sentir medo de estar em espaços fechados ou cheios. O mesmo acontece em cinemas, teatros, restaurantes, supermercados e shopping centers. Existe o medo de estar entre muitas pessoas, desacompanhado fora de casa, medo de situações nas quais a saída pareça ser difícil, como congestionamentos, estádios esportivos cheios, no banco de trás de um automóvel, longe da porta de saída, entre outras.

É uma condição muito limitante, pois a pessoa fica apreensiva e ansiosa nessas situações – até mesmo em pensar nessas situações. Quem sofre de agorafobia tem a sensação de que pode ser difícil escapar desses lugares caso precisem, e, em decorrência disto, vivem uma vida de muitas restrições.

Agorafobia: o medo de ter medo

Como a Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC) pode ajudar na agorafobia?

O Transtorno de Pânico, com ou sem Agorafobia, tem impacto significativo em diversos papéis e atividades desempenhados pelo indivíduo, causando constrangimento e sofrimento significativo, devido às interpretações sobrevalorizadas dos sintomas sentidos.

A Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC) tem como objetivo auxiliar o indivíduo no enfrentamento dessas situações temidas. Para trabalhar estes Transtornos de Ansiedade, a Terapia Cognitiva-Comportamental utiliza várias técnicas e recursos, como a exposição enquanto intervenção e a vivência dos ambientes usando simulações em realidade virtual.

A exposição pode ser na imaginação ou ao vivo. Na exposição imaginária, o paciente enfrenta em seus pensamentos as situações que lhe causam ansiedade. O objetivo é diminuir o nível de ansiedade gradativamente, fazendo com ele se habitue e fique menos sensível às situações temidas e que fique menos sensível.

Juntamente com esta técnica utiliza-se a reestruturação dos pensamentos. Com ela, o paciente é encorajado a questionar os seus pensamentos, sobretudo os que antecedem os momentos de ansiedade, com o objetivo de rever eventuais distorções cognitivas e formular pensamentos mais adaptativos e mais flexibilizados.

A terapia de exposição a estímulos internos e externos, é uma alternativa muito usada e que pode ajudar imensamente as pessoas com transtorno de pânico e agorafobia. São exercícios de fácil realização, que provocam os mesmos sintomas que são gatilhos para o ataque de pânico e para a agorafobia, só que com uma intensidade muito menor. Com isto, permite-se uma condição de enfrentamento do indivíduo, a fim de que seus sintomas fóbicos e sua ansiedade antecipatória diminuam gradualmente, até que ele se sinta pronto para enfrentar sozinho as situações que lhe causavam medo.

Medo de ficar em lugares fechados

A realidade virtual e o enfrentamento das causas da ansiedade

A tecnologia atual permite que através do uso de óculos que criam ambientes de realidade virtual, sejam criadas situações que precisam ser trabalhadas por pacientes com problemas de ansiedade como a agorafobia ou como os ataques de pânico. Estes ambientes são tão verossímeis, que seu efeito na mente dos pacientes é praticamente o mesmo de um acontecimento no mundo real.

É entre a etapa da exposição imaginária e da exposição ao vivo que entram estes ambientes de realidade virtual, enquanto recurso, para auxiliar o indivíduo neste enfrentamento.

Exemplo de aplicação de realidade virtual, com óculos 3D, para casos de Transtornos de Ansiedade e Agorafobia.

Assim como na exposição imaginária, também nos ambientes de realidade virtual os pacientes tendem a apresentar alterações fisiológicas e psíquicas similares às que sentem na exposição da vida real. Assim, a realidade virtual pode auxiliar no processo de habituação. O paciente poderá “vivenciar” situações similares às que teme e poderá praticar esse enfrentamento, seja enquanto processo da habituação, seja para fazer um ensaio mental, e criar um modo mais adaptativo de pensar e de se comportar.

A exposição nestes ambientes de realidade virtual permite que o indivíduo “vivencie” as situações que causam ansiedade quantas vezes forem necessárias, sem sair do consultório onde faz seu tratamento, até que ele perceba a redução de seu medo, de forma gradativa, e sinta-se preparado para a exposição ao vivo, no mundo real.

“Com a realidade virtual o paciente pode “vivenciar” situações similares às que teme e poderá praticar esse enfrentamento, seja enquanto processo da habituação, seja para fazer um ensaio mental, e criar um modo mais adaptativo de pensar e de se comportar.”

Maria Inês Paton Ramos

Psicóloga - CRP 06/48.803-2

É importante considerar que a utilização da realidade virtual é um recurso e deve ser somado ao embasamento teórico da Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC). E, como recurso, deve ser adequado à necessidade de cada paciente e sempre com o auxílio do psicoterapeuta.

Todo paciente que sofre com o “medo de ter medo” deve procurar ajuda. A Agorafobia tem um impacto severo na qualidade de vida e seu tratamento devolve ao paciente a possibilidade de desfrutar de uma rotina normal, sem fugas, sem urgências descabidas. É, de certa forma, uma possibilidade real de voltar a viver em paz.

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Participaram desta matéria:
Maria Inês Paton Ramos - Psicóloga - Tatuapé, São Paulo - SP
Psicóloga – CRP 06/48.803-2 | Tatuapé, São Paulo – SP
http://lattes.cnpq.br/5618526577238465
20 anos de experiência no tratamento de adolescentes e adultos.
Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental.

Tratamento da ansiedade com uso de Biofeedback e de ansiedade social com uso de Realidade Virtual.

Orientação Profissional para adolescentes e Coaching de Carreira para adultos

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