Crise de Ansiedade: a Terapia Cognitiva Comportamental pode ajudar?
Sabe aqueles pensamentos “automáticos”? Aqueles que surgem sem nos darmos conta? Podem ser pensamentos positivos ou negativos, que podem nos fazer bem, ou não. Para que não sejamos “reféns” de maus pensamentos, que podem gerar episódios de crise de ansiedade, agitação, tristeza e mal-estar, devemos investir um tempo na percepção de como a interpretação de um acontecimento corriqueiro pode nos afetar.
Os pensamentos ansiosos estão quase sempre relacionados a previsões excessivamente negativas do futuro. Eles podem ser patológicos, na medida em que se tornem desproporcionais à situação enfrentada ou ocorram até mesmo na ausência de qualquer perigo real.
Crise de Ansiedade: medos reais para perigos imaginários
Como a percepção de perigo depende fundamentalmente do processamento cognitivo de cada pessoa, até mesmo os perigos imaginários (com aqueles que aparecem na crise de ansiedade) são capazes de desencadear sintomas físicos em uma pessoa. Nas crises de ansiedade, a reação da pessoa é desproporcional à realidade apresentada, devido a estas percepções distorcidas sobre si mesma e sobre a situação em que se encontra.
Entre as abordagens da psicologia para lidar com a ansiedade está a Terapia Cognitiva Comportamental, que costuma ser muito eficaz, pois atua na identificação e reorganização dos padrões distorcidos de pensamento, que são o que mantém a ansiedade presente.
Com a Terapia Cognitiva Comportamental (TCC), o psicólogo ajuda o paciente a distinguir e intervir nesses pensamentos, com o propósito de “mudá-los”, quando eles estiverem sendo nocivos.
As fobias também podem desencadear crises de ansiedade, porque também têm o componente de “desproporcionalidade” e perda do controle (“irracionalidade”) frente à situação apresentada. Por isso, a Terapia Cognitiva Comportamental é muito empregada no tratamento destes casos, que incluem a agorafobia (medo de estar em espaços públicos com muitas pessoas, normalmente relacionada à síndrome do pânico), hematofobia (medo de sangue, agulha, cortes, exames), glossofobia (medo de falar em público) e até fobias menos comuns, como a gamofobia (medo de casamento e compromissos afetivos) e a afefobia (medo de ser tocado), entre outras.
Modelando os próprios pensamentos
A TCC surgiu nos anos 50, fruto dos estudos do psiquiatra Aaron T. Beck com seus pacientes deprimidos. Ele observou comportamentos repetidos e viu que geralmente aqueles pacientes tinham visões distorcidas a respeito deles próprios, do mundo à sua volta e do futuro. Sua conclusão foi de que estes pensamentos distorcidos e negativos comprometiam a vida daqueles pacientes, alterando seu humor e seu comportamento.
Diante disso, ele criou a Terapia Cognitiva Comportamental, que é focada na reestruturação cognitiva do paciente, ou seja, na mudança das crenças não-positivas, que foram adquiridas durante a vida, na correção dos pensamentos distorcidos e no alívio dos sintomas ansiosos, de medo e de depressão.
A Terapia Cognitiva Comportamental é uma abordagem breve, específica e concentrada no momento atual da vida do paciente.
No vídeo abaixo, a psicóloga Maria Inês Paton Ramos, parceira do portal Nossos Psicólogos, explica sobre o que é a Terapia Cognitivo Comportamental e de que modo ela ajuda na flexibilização dos pensamentos, ajudando o paciente a modular os sentimentos, as sensações físicas e os comportamentos, frente a situações de ansiedade ou estresse.
O que é o Transtorno de Ansiedade Social?
A Associação Americana de Psiquiatria criou o Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais, e em sua 5ª edição, denominada DSM-5, indica alguns critérios para definir o Transtorno de Ansiedade Social, sendo um deles: “o medo ou ansiedade acentuadas acerca de uma ou mais situações sociais em que o indivíduo é exposto a possível avaliação por outras pessoas”.
O Transtorno de Ansiedade Social é, portanto, um desconforto emocional excessivo, que gera uma preocupação ou um medo que a pessoa tem de ser avaliada negativamente pelos outros. É um medo de se expor ao olhar e ao julgamento das outras pessoas, mesmo em grupos relativamente pequenos. Este sentimento é desproporcional à ameaça real apresentada pela situação social, e ocorre quase sempre de forma excessiva e exagerada, gerando um quadro de ansiedade e muito desconforto.
Alguns exemplos de Transtorno de Ansiedade Social são situações em que o indivíduo precisa falar em reuniões corporativas, apresentar trabalhos em sala de aula, ser apresentado a pessoas novas em encontros sociais, comer em público, entre outras situações.
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Enfrentando a Dificuldade Social
Entre os estudiosos que abordam a questão do enfrentamento do medo na ansiedade social está o psicólogo e intelectual norte-americano Robert L. Leahy, do Weill Cornell Medical College, em Nova York. Segundo ele, só existem 3 caminhos para que uma pessoa possa enfrentar sua ansiedade social e seus medos: observando como as outras pessoas lidam com as situações temidas e tentar reproduzir o modelo, praticando na imaginação o enfrentamento das situações que geram ansiedade, até que elas não pareçam mais pavorosas. Ou ainda, pode-se fazer a exposição da pessoa à situação real, até que se faça notória a percepção de que o medo sentido é exagerado, e a ansiedade seja controlada.
Também existem outras maneiras de tratar o Transtorno de Ansiedade Social. Todas elas envolvem o aconselhamento psicológico. É possível, por exemplo, ensinar ao paciente técnicas de autogerenciamento, trabalhar as distorções cognitivas que contribuem para que se sinta cada vez mais ansioso, e sua reprogramação, promovendo exposição gradual aos medos, com sua devida dessensibilização e enfrentamento, entre outras abordagens.
O uso da TCC costuma obter resultados muito eficientes neste casos, pois auxilia o paciente no enfrentamento das situações por ele temidas, trabalhando a partir de suas motivações e tendo como base a compreensão de que não são os acontecimentos em si que afetam as pessoas, e sim a forma como são internamente interpretados. Isto leva os pacientes, no decorrer do tratamento, a aprender a administrar a ansiedade, reduzindo a propensão a sofrer crises.
Realidade Virtual: preparando-se para enfrentar o real
Para trabalhar o Transtorno de Ansiedade Social e a crise de ansiedade, a Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) dispõe de várias técnicas, entre elas a exposição imaginária, que costuma ser muito eficiente.
Como forma de tornar a exposição imaginária mais vívida e obter resultados de forma mais eficiente e rápida, alguns profissionais têm utilizado a Realidade Virtual. Com este recurso o paciente enfrenta as situações que lhe causam maior ansiedade, no território da imaginação, com auxílio de um computador e óculos especiais.
Maria Inês Paton Ramos, psicóloga parceira do portal Nossos Psicólogos, costuma empregar a realidade virtual em seus atendimentos ligados à Ansiedade Social. Segundo ela, “a exposição imaginária fica bastante enriquecida com o uso da realidade virtual durante as sessões de terapia. Ela ajuda muito no enfrentamento do problema, já que o paciente tem a oportunidade de vivenciar a situação que lhe causa ansiedade, com um certo grau de realismo, mas ainda dentro de uma simulação que lhe parece confortável. Isto dá a ele a chance de acostumar-se gradativamente, antes de ter que encarar a situação na vida real”.
Em seu consultório, a psicóloga utiliza a Realidade Virtual em 3 cenários diferentes, que representam alguns dos ambientes “temidos” por seus pacientes, entre eles uma sala de aula, um auditório e uma sala de reunião.
“A Realidade Virtual ajuda muito no enfrentamento do problema, já que o paciente tem a oportunidade de vivenciar a situação que lhe causa ansiedade, com um certo grau de realismo, mas ainda dentro de uma simulação que lhe parece confortável. Isto dá a ele a chance de acostumar gradativamente, antes de ter que encarar a situação na vida real.”
Tudo a seu tempo: simular primeiro, enfrentar depois
Durante as sessões, o paciente utiliza um óculos de 360º, que o levam a ter a sensação de que está, de fato, dentro daquele ambiente, com uma simulação bastante realista do cenário a ser vivenciado.
Ao longo do processo, o psicólogo convida o paciente a observar quais pensamentos surgem, o que ele sente naquele ambiente e quais comportamentos são manifestados. O paciente vai exercitando um pensamento que foi formulado, e revivendo as sensações que lhe causam mal-estar, trabalhando seu medo e, principalmente, a percepção distorcida sobre a realidade.
Maria Inês Paton Ramos destaca que “esta vivência cria a “habituação”, e com isso a tendência é de que o paciente se acostume com a situação temida, enfrentando-a em “território seguro”, treinando a respiração diafragmática e o relaxamento muscular progressivo, até que aos poucos consiga reduzir ao mínimo possível os episódios de crise de ansiedade”.
Segundo ela, “a Realidade Virtual é utilizada para tornar mais viva e mais presente a cena amedrontadora, pois permite que o paciente “veja” o cenário e vá se acostumando àquela situação temida e desafiadora, podendo reestruturar cognitivamente seus pensamentos até que possa formular um novo pensamento, desta vez mais adaptativo, fazendo com que o nível de ansiedade diminua gradativamente”.
Restruturar os pensamentos para viver melhor
Junto com a vivência da técnica de Realidade Virtual, é necessário que o psicólogo conduza a reestruturação dos pensamentos. Deve-se trabalhar no sentido de tornar os pensamentos do paciente cada vez mais flexibilizados quanto àquilo que lhe causa ansiedade.
A Realidade Virtual, portanto, não é o tratamento em si, mas um recurso que deve ser somado pelo profissional de psicologia ao embasamento teórico da Terapia Cognitiva Comportamental, que deve ser adequado à necessidade individual de cada paciente.
Crise de ansiedade e fobia social têm enorme impacto na qualidade de vida, na forma de uma pessoa se relacionar com o mundo e até na visão que tem de si mesmo. Recursos como a Terapia Cognitiva Comportamental e suas várias “ferramentas”, como a realidade virtual, podem ser de grande ajuda para quem precisa superar problemas emocionais, sem negá-los ou evitá-los, e sim buscando equilíbrio na forma de lidar com eles, para que se possa ter uma vida normal.
Para qualquer pessoa, vivenciar medos e angústias de vez em quando é normal. Mas viver permanentemente na sombra deles, não é. Se este é o seu caso, procure ajuda. Isto pode mudar sua vida – e pode ser mais rápido do que você imagina.
Maria Inês Paton Ramos
Tatuapé, São Paulo, SP
CRP 06/48.803-2 – SP
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