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Mãe, Mulher e Profissional: A Depressão nas “Supermulheres”

7/04/2018 | Psicologia

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Quando se é Mãe, Mulher e Profissional, o dia se torna mais curto. A mulher vê-se obrigada a fazer mil coisas ao mesmo tempo, tomar decisões por si e pela família, organizar, planejar, arrumar, supervisionar, atender a expectativas de muita gente, todas as mesmo tempo. Se isto tudo já é naturalmente difícil, torna-se praticamente impossível quando se tem como companhia a Depressão.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, a Depressão afeta 4,4% da população mundial. No Brasil, 5,8% da população (11,5 milhões de pessoas) sofrem com a doença, o que faz de nós o “povo mais deprimido” da América Latina. A julgar pelos mais de 18% de crescimento da doença no mundo em 10 anos, é fácil acreditar que o número de pessoas com depressão vá continuar a subir.

A depressão coloca a pessoa em um estado de tristeza persistente e incapacidade de realizar atividades diárias. Quem sofre de depressão apresenta perda de energia, alterações no apetite, alterações de sono, ansiedade, dificuldades de concentração, indecisão, sensação de inutilidade, culpa e completa desesperança, e pode ter pensamentos suicidas ou de autolesão.

Mas por que as mulheres são mais propensas a sofrer com a depressão?

O relatório “Depressão e outros distúrbios mentais comuns: estimativas globais de saúde” da OMS aponta que a maioria das pessoas que vivem com depressão são mulheres: para cada homem com depressão, duas mulheres sofrem com a doença.

A ciência ainda não sabe explicar os motivos que levam a essa diferença significativa, mas existem algumas hipóteses. Entre elas, estão as questões biológicas, que têm grande impacto no cotidiano da mulher, como o período menstrual e suas alterações hormonais, a menopausa, a gravidez, etc.

Outra hipótese é o papel social feminino e questões como a dupla jornada encarada por muitas mulheres, que se veem diante da necessidade de conciliar os afazeres domésticos com a atividade profissional e com a maternidade.

Outras questões que contribuem para o desenvolvimento da depressão nas mulheres são as que envolvem a imagem corporal, a educação – muitas vezes ainda é baseada em regras machistas -, a maior incidência de violência sexual e doméstica, e a desigualdade de gênero.

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Quantas horas cabem em um dia?

Uma queixa muito comum da vida moderna, em qualquer sexo, é a necessidade de fazer muitas coisas ao mesmo tempo: você precisa ser um profissional competente, um excelente pai ou mãe, lidar com as expectativas da sua família e cônjuge, estar por dentro das últimas notícias, cuidar da aparência, saúde, entre tantas outras responsabilidades, que fazem com que as 24 horas do dia pareçam insuficientes.

E ninguém duvida que as mulheres – que são naturalmente mais “multitarefa” que os homens – acabam sendo mais pressionadas: porque muitas vezes a vida exige delas um número maior de papéis diferentes do que deles. A frustração por não “conseguir dar conta” de todos esses papéis favorece o aparecimento de distúrbios de ansiedade e depressão entre as mulheres.

Mãe, Mulher e Profissional: desafio ainda maior quando vêm os filhos

A maternidade é um sonho para grande parte das mulheres, e, sem dúvida, gera sensações únicas e quase indescritíveis de amor e prazer. Porém, os filhos exigem dedicação integral da mãe, e a consciência de que a vida mudará bastante! É tarefa árdua manter, com a maternidade, a vida pessoal, a familiar e social em equilíbrio e harmonia!

Ser mãe implica em assumir diversos papéis e funções, como proteção, estimulação, alimentação, ensinamentos, etc e, com isso, adquirir diversas responsabilidades novas e simultâneas. Isto por vezes pode resultar em uma sobrecarga emocional muito grande.

Se a mãe não estiver estável, pode ter afetada sua saúde emocional e mental, interferindo diretamente na sua capacidade de prover cuidados parentais satisfatórios, afetando a vida de seus filhos.

Mães estressadas tendem a ter filhos estressados. Afinal, a influência que exercem sobre seus filhos é imensa e tem papel fundamental no seu desenvolvimento.

É importante reconhecer que uma rotina estressante costuma ter um grande impacto no comportamento dos filhos, que podem desenvolver desvios de comportamento, tornando-se agressivos, ansiosos ou tristes – o que pode até mesmo afetar seu desempenho escolar e habilidades sociais.

Absorver-se nas tarefas

A figura da mãe representa um porto seguro para os filhos. E, quando eles percebem que ela está abalada, podem sofrer com mais intensidade a dor da mãe, do que se fosse seu próprio problema.

Infelizmente, essa necessidade de manter um aparente equilíbrio, inclusive para poder poupar os filhos de uma angústia, só tende a torná-la ainda mais ansiosa.

Com isto, absorvida pelas tarefas do dia a dia e com pouco tempo para olhar para os próprios problemas e emoções, o quadro de angústia crônica e depressão se instala.

Cuidar da mulher que é mãe

Se você sente um aperto no peito que torna até mesmo sua respiração difícil, somada a um cansaço, um desânimo, um vazio, saiba que não está sozinha! Milhares de mães passam por isso, e às vezes a situação sai do controle.

Os filhos crescem e as responsabilidades e preocupações também aumentam, por vezes dificultando ainda mais o cuidado consigo mesma. Essa mãe passa a ter dificuldade em perceber onde termina a mãe e começa a mulher. Algumas se anulam como mulheres. Isto afeta sua autoestima, sua criatividade, sua libido e sua motivação para uma vida mais plena, gerando uma enorme insatisfação pessoal e, em não raros casos, uma depressão.

Quando é hora de buscar ajuda?

Quando você perceber que seu foco está maior nas coisas ruins do que nas boas; quando perceber que sua percepção está distorcida, fazendo com que qualquer mínima situação que saia da rotina (e na maternidade sair da rotina é a coisa mais normal) se torne uma grande catástrofe; quando sentir que “não vai dar conta”, fique alerta: pode ser o momento de buscar uma ajuda profissional. Se você tem experimentado essa montanha russa emocional, em que uma hora está tudo bem, e na outra não está mais, se sente um medo terrível do futuro, de deixar seus filhos saírem de casa, se tem dificuldade para dormir, ou se dorme demais, é possível que você esteja sofrendo de depressão ou de ansiedade. A depressão é uma doença complexa e exige muita força de vontade e comprometimento para ser resolvida, mas é possível. A maternidade não é fácil, e no decorrer do processo é comum precisar de ajuda especializada para encontrar o equilíbrio emocional. O acompanhamento psicológico pode ser essencial à mulher, em especial às mães, que podem se abrir a uma nova perspectiva e à oportunidade de se redescobrir e aproveitar um espaço em que ela novamente será protagonista de sua própria história – sem diminuir a importância dos filhos.

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Depressão Pós-Parto: Culpa e Angústia

Talvez você sempre tenha desejado ser mãe, por isso, nesta fase, é ainda mais difícil a mulher entender que, embora devesse estar muito feliz, está triste, sem paciência, melancólica, sensível e com baixa autoestima. Após o nascimento dos filhos, as mães podem enfrentar um processo de instabilidade emocional que, em alguns casos, pode originar a Depressão Pós-Parto. Essas mães podem sentir dificuldade em criar um vínculo com o bebê. Muitas vezes, a responsabilidade unilateral, a falta de experiência, complicações durante a gestação ou no momento do parto, problemas com a saúde do seu bebê, podem ser grandes estressores das mães, e podem desencadear sintomas de depressão em mulheres mais vulneráveis, mesmo que elas não se reconheçam como tais. O bebê nasceu lindo, cheio de saúde, mas tudo o que ela consegue sentir é culpa. Culpa e angústia. E fica desejando sua vida anterior de volta.

Depressão ou Melancolia?

Os sintomas da Depressão Pós-Parto são comuns em cerca de 10% a 15% das mães no primeiro ano de vida dos filhos. Mas é importante diferenciar esses casos do chamado “Blues Puerperal”, a “melancolia pós-parto”, que costuma ter duração curta, até 2 semanas após o nascimento, e que também gera um quadro de tristeza e choro, ainda que sem motivo aparente, e mesmo que esteja tudo bem com o bebê. A Melancolia Pós-Parto, no entanto, é mais curta e menos séria do que a Depressão Pós-Parto. Passadas duas semanas do parto, depois que os níveis hormonais voltaram à normalidade, é de se esperar que a melancolia tenha passado. Para algumas mulheres, o quadro persiste e pode evoluir para uma condição muito mais séria, que é a Depressão Pós-Parto. Infelizmente, metade das mulheres que se veem nesta situação sofrem em silêncio, sem diagnóstico ou tratamento. Entre os motivos está a vergonha e a sensação de culpa por não se sentirem felizes, como se esperaria que uma mãe se sentisse com a chegada de um novo filho. Essa vergonha leva essas mulheres a sofrerem caladas e, sem o devido tratamento, esses quadros de Depressão Pós-Parto podem se tornar mais longos e afetar a vida da mulher por muitos anos.

Vamos conversar? A Depressão tem tratamento

A depressão é um estado mental em que se perde a fé e as esperanças. Não permita que ela te vença. As coisas podem parecer muito ruins quando se está no meio do processo depressivo ou numa crise de ansiedade, mas acredite: vale a pena buscar ajudar e sair desse quadro de desamparo. Com certeza você terá dias muito melhores. Encare isto como uma fase, um momento de crescimento para se exercitar a resiliência e restabelecer o foco.

Não há motivo melhor para a recuperação do estado emocional de uma mãe do que o amor dela pelos filhos e, igualmente, o amor deles pela mãe. É possível voltar a ser feliz, ter amigos, interagir, ter ânimo para viver e para cuidar de si com o mesmo amor que se cuida dos outros.

Segundo a OMS, a Depressão é a principal causa de problemas de saúde e incapacidade em todo o mundo. No entanto, o estigma e preconceito que envolve as doenças emocionais e mentais, impede que muitas pessoas tenham acesso aos tratamentos que poderiam levá-las a viver de forma saudável e produtiva. Por isso, em 2017 a OMS lançou campanha “Vamos conversar”, com o objetivo de levar mais pessoas com depressão, em todo o mundo, a buscar ajuda.

Todos necessitamos de cuidados com nossa saúde mental – até mesmo as “Supermulheres”, mães, profissionais, namoradas e esposas, que se desdobram para dar conta do que a vida lhes exige. Se você é uma delas, entenda que você não está sozinha, e que o tratamento existe – e pode mudar sua vida.

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