Suicídio e Depressão: Atenção aos Sinais Pode Salvar Vidas
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Na visão de quem tenta o suicídio, tirar a própria vida é a única forma de acabar com uma dor insuportável ou um vazio absoluto.
O suicídio normalmente está ligado a quadros depressivos, doenças psiquiátricas e de alteração do humor, dependência química (incluindo álcool), sensação de rejeição e falta de pertencimento, fins de relacionamentos, reações ao luto, frustrações profissionais e pessoais, perdas financeiras, entre outros.
Uma morte a cada 40 segundos
Segundo a Organização Mundial da Saúde e a Organização Pan-Americana da Saúde, o suicídio é uma das 10 maiores causas de morte em todos os países. É a segunda maior causa de morte entre os jovens de 15 a 29 anos de idade – com mais vítimas do que todas as guerras, homicídios e conflitos civis somados. E, para cada morte por suicídio, existem outras 10 ou 20 pessoas que já tentaram fazer o mesmo.
Os números da ONU são igualmente assustadores: uma pessoa comete suicídio a cada 40 segundos no mundo.
Números crescem no Brasil
É preciso olhar com cuidado para as estatísticas no Brasil. Embora nossos índices ainda sejam menores do que a média mundial (6 casos por 100.000 habitantes, contra 12 da média mundial), as taxas brasileiras crescem, enquanto a média mundial cai.
Houve 34% de aumento no número de suicídios entre 2002 e 2012. O Brasil é atualmente o oitavo país com mais suicídios no mundo.
Suicídio: Atenção aos sinais
Não é simples, mas é possível perceber alguns sinais na vida e no comportamento de uma pessoa que está tendo pensamentos suicidas.
Algumas das atitudes que indicam uma possível propensão ao suicídio são:
1. “Eu não aguento mais!”
Fique atento a lamentos frequentes sobre a vida, com o uso de frases como “a minha vida não tem nenhum sentido” ou “não tenho nenhum motivo para continuar vivo”, “não aguento mais essa vida”, entre outras. Esse tipo de frase, que parece ser apenas um desabafo, pode ser na verdade um pedido de socorro. Ofereça escuta, respeite a dor da pessoa e procure encaminhá-la a um psicólogo ou psiquiatra.
2. Depressão e outras doenças mentais
A depressão é o fator de risco mais importante para o suicídio. Pessoas com depressão vivem em um estado de tristeza acentuada, que leva a um desinteresse por praticamente tudo – até mesmo por aquilo que sempre lhes despertou atenção, como um animal de estimação, um hobby ou alguma outra atividade prazerosa.
A depressão e a distimia (ou transtorno depressivo persistente) aumentam a frequência de faltas à escola, faculdade ou trabalho. Levam também à redução da capacidade de concentração. Além disso, como a autoestima fica baixa, pode-se notar descuido com a aparência e higiene pessoal. Muitas pessoas com depressão mostram perda de apetite, alterações de sono, levando um quadro nítido de cansaço e esgotamento.
A depressão aumenta, inclusive, a propensão ao abuso de substâncias (drogas e álcool), que também está intimamente ligado aos casos de suicídio.
A incidência de suicídios também é maior entre as pessoas com doenças mentais como a Esquizofrenia, o Transtorno Borderline e o Transtorno Bipolar.
3. Abuso de Álcool e Drogas Ilícitas
O abuso de álcool e o uso de drogas são considerados fatores de risco para suicídio, basicamente por dois motivos.
Primeiro, porque muitas drogas aumentam a impulsividade – o que pode levar uma pessoa com este tipo de ideação a realmente consumar o suicídio. O álcool na adolescência, especialmente, pode acentuar o comportamento impulsivo dos jovens.
Em segundo lugar, porque é comum que o indivíduo que faz uso de drogas passe por um estado depressivo intenso após o consumo, o que igualmente aumenta o risco para comportamentos suicidas.
A pesquisa “Uso Adolescente de Substância e Comportamento Suicida: Uma Revisão com Implicações para Pesquisa em Tratamento“, realizada pela Universidade Federal de São Paulo, detectou que havia ocorrido ingestão de álcool até seis horas antes da tentativa de suicídio, em 21% dos 80 casos atendidos pela instituição durante o período do estudo.
A psiquiatra Alessandra Diehl Reis, coordenadora do estudo, ressalta que, entre as pessoas atendidas após a tentativa de suicídio, detectou-se que “a maioria sofre de algum transtorno psiquiátrico, que geralmente pode ser tratado” e que, ainda que as substâncias em si não seja a única causa para o problema, elas são importantes agravantes para o problema psiquiátrico.
4. Melhora súbita e inesperada
Até mesmo a aparente melhora súbita do quadro deve ser motivo de atenção para amigos e familiares. É comum que pessoas que estão planejando cometer suicídio apresentem-se repentinamente alegres. A alegria, neste caso, funciona como um disfarce. Isto faz com que as pessoas em volta tornem-se menos “vigilantes”, o que facilita uma eventual tentativa de suicídio.
5. Introspecção e Isolamento acentuados
A introspecção e isolamento podem ser comuns em pessoas com depressão, que sofreram traumas ligados à violência, bullying ou estão na fase depressiva do transtorno bipolar. O isolamento pode levar a pessoa a um estado de solidão, que pode acentuar um eventual quadro depressivo, aumentando a propensão a ideações suicidas.
A importância do Psicólogo e do Psiquiatra no tratamento
Qualquer ato suicida, independentemente de ser um gesto ou uma tentativa, deve ser levado a sério. É muito importante que familiares e amigos, assim que tenham identificado qualquer traço de comportamento suicida, tenham uma escuta empática, acolhedora e sem julgamentos. Uma fala na qual o sofrimento da pessoa é reconhecida também pode ajudar a aliviar as dores existentes.
Este pode ser um primeiro passo, dado por quem é mais próximo. Mas é fundamental o incentivo e auxílio no sentido de que a pessoa inicie um tratamento adequado, seja com um psicólogo, psiquiatra ou ambos.
Nesta fase, a pessoa geralmente não é capaz de identificar soluções para o momento emocional pelo qual está passando e o acompanhamento destes profissionais pode fazer toda a diferença, não só na prevenção direta ao suicídio, mas na melhora da saúde mental e emocional da pessoa.
E claro, deve-se também auxiliar o paciente a seguir as indicações e recomendações dos profissionais que realizam o atendimento.
Estados comuns em uma pessoa com ideações suicidas
Estes são os três estados mais comuns na maioria dos pacientes suicidas:
1. Ambivalência
Existe uma constante batalha entre o desejo de viver e o desejo de morrer. Quando esta ambivalência é usada pelo profissional da saúde no sentido de aumentar o desejo de viver, o risco de suicídio geralmente é reduzido.
2. Impulsividade
O suicídio é um fenômeno de impulso e, como tal, é transitório. Se for oferecida ajuda no momento do impulso, há grandes chances do ato ser combatido.
3. Rigidez
As pessoas suicidas geralmente têm pensamentos, sentimentos e ações enrijecidos: é “tudo ou nada”; parece não haver meio termo. Com isto, elas acabam voltadas única e exclusivamente para a ideia de suicídio e não são capazes de perceber outras maneiras de sair do problema. O profissional da saúde pode ajudar o paciente a perceber que existem outras opções.
Setembro Amarelo
O objetivo da campanha Setembro Amarelo é conscientizar a população sobre a realidade do suicídio e mostrar que a prevenção é eficiente para mais de 90% dos casos em que o indivíduo tem ideações suicidas.
O mês de setembro foi escolhido para a realização desta campanha porque internacionalmente o dia 10 de setembro é o dia mundial da prevenção ao suicídio, e foi instituído por iniciativa da International Association for Suicide Prevention.
No Brasil, a campanha Setembro Amarelo iniciou-se em 2015, com iniciativa do CVV (Centro de Valorização da Vida), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). O CVV oferece apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone (ligue 188), email e chat, 24 horas, todos os dias.
Acabar com a dor, não com a vida
A depressão, a esquizofrenia, o borderline e o transtorno bipolar são tratáveis. O alcoolismo e a dependência química também têm tratamento. Os sentimentos de solidão, tristeza, desamparo e as dores emocionais podem ser trabalhados com psicoterapia e aliviados com ajuda de medicamentos psiquiátricos. Isto significa que o suicídio pode, portanto, na imensa maioria dos casos, ser prevenido.
Estar atentos às pessoas que nos cercam, oferecer apoio e ajudá-las a buscar ajuda pode salvar vidas. Prevenir o suicídio não é uma tarefa apenas dos profissionais de saúde ou de campanhas de Governos, ONGs ou artistas, mas de cada um de nós, indivíduos da sociedade.
O objetivo é acolher a dor do outro, respeitá-lo e ajudá-lo a achar caminhos para aliviá-la, permitindo à que a pessoa siga adiante. Porque quem pensa em suicídio precisa se livrar da dor, não da vida.
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